Um blog sobre perícias de engenharia em Florianópolis e SC., patologias das edificações, dicas de manutenção, inspeção predial.

  • Perícias de Engenharia e Arquitetura

    Atividade que envolve a apuração da origem e das causas de um determinado fato, condição ou direito relativo a uma edificação. É uma investigação fundamentada

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  • Vistoria e Laudo de Garantia Legal - 5 ANOS

    Inspeção geral da edificação, com levantamento de anomalias e patologias construtivas, para solicitação embasada de reparos e preservação de direitos de garantia, junto à construtora ou seguradora

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  • Assistência Técnica Judicial

    A função consiste na assistência a todas as investigações e operações que executa o perito judicial. O assistente técnico é o auxiliar da parte, aquele que tem por obrigação, concordar, criticar ou complementar o laudo do perito oficial, através de seu parecer.

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28 de jul. de 2020

JUNTAS DE DILATAÇÃO NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Um detalhe na construção que muitas vezes não recebe a atenção que merece são a juntas, que podem ser chamadas de junta de dilatação, de movimentação, de deformação, de controle.


A NBR 6118/2014 – Projeto de Estruturas de Concreto - Procedimento, define junta de dilatação como: “Qualquer interrupção do concreto com a finalidade de reduzir tensões internas que possam resultar em impedimentos a qualquer tipo de movimentação da estrutura, principalmente em decorrência de retração ou abaixamento da temperatura”.

Mas as juntas também são utilizadas entre estruturas distintas e entre materiais, como por exemplo a ligação entre concreto e alvenaria em locais de maiores esforços de movimentações diferenciais.

Ignorar a necessidade de execução das juntas ou executá-las de forma indevida irá resultar em manifestações patológicas na construção, que em geral estão relacionadas à ocorrência de fissurações e infiltrações de umidade.

As juntas de dilatação ou de movimentação são criadas para que as partes possam se movimentar independentemente, já que são naturalmente expostas a fatores como diferenciais de temperatura e umidade que agem nos materiais componentes da construção os quais possuem coeficientes de dilatação distintos. Para que essa movimentação livre seja garantida a execução das juntas deve seguir alguns procedimentos específicos.

  1. Limpeza e preparação das superfícies que receberão o material selante;
  2. Aplicação de material impermeabilizante na abertura, ex: Pasta de cimento CPII F32 e BARUCRYL 5000 diluído em água 1:3;
  3. Colocação de Cordão Tarucell, material para controle da profundidade do selante;
  4. Proteção das bordas com fita adesiva, que será removida imediatamente após a execução do acabamento;
  5. Aplicação do material selante que deve ser elastomérico a base de poliuretano (PU), pois são materiais elásticos de alto desempenho com resistência às intempéries, portanto mais duráveis. A aplicação deve ser efetuada com uso de espátula umedecida. A profundidade não deve exceder à 15mm.



Em geral os fabricantes oferecem uma garantia de 5 anos para o produto, se utilizado de forma adequada e seguindo suas especificações, mas estudos mostram que a vida útil do PU aplicado em juntas de dilatação pode atingir 10 anos.


Então atenção à escolha do produto, à forma de aplicação e às especificações de cada fabricante, lembre de consultar as garantias oferecidas no momento da compra.


13 de ago. de 2018

MANUTENÇÃO PREVENTIVA & PLANO DE MANUTENÇÃO - Florianópolis - O que é ?


O que é a manutenção predial em condomínios?
Como é feito o plano de manutenção para condomínios? 
Por que fazer a manutenção preventiva x manutenção corretiva?
Quando fazer o plano de manutenção?

Questionamentos corriqueiros, mas ainda pouco conscientizados pelos proprietários de unidades residenciais constantes em um condomínio multifamiliar e/ou condomínios comerciais.

A  manutenção predial é definida por norma NBR 5674:1999 e composta por um conjunto de atividades técnicas e administrativas com a função de conservar ou recuperar a funcionalidade e o desempenho da edificação e de seus componentes, mantendo a segurança do imóvel para o uso. 

Como vimos no post "MANUTENÇÃO PREVENTIVA E CORRETIVA PARA CONDOMÍNIOS - Florianópolis - Relação entre investimento e retorno", a manutenção preventiva pode representar uma economia de até 5X se comparada à manutenção corretiva (executada tardiamente para recuperar/restaurar a função de um sistema ou de seus componentes). 

A manutenção preventiva, só pode ser executada mediante um planejamento prévio, o qual deve ser executado por um profissional de arquitetura ou de engenharia civil, o qual é disposto num documento técnico denominado PLANO DE MANUTENÇÕES PREDIAIS. 

Para a elaboração do Plano de Manutenções Prediais para um condomínio, o profissional habilitado utiliza todos os dados administrativos e técnico que sejam colocados a sua disposição quais eles:

  • Projetos: arquitetônico, estrutural, preventivo contra incêndio e SPDA;
  • Memorial descritivo;
  • Manual de operação, uso e manutenção e/ou Manual do síndico;
  • Documentos administrativos como; Atas de reuniões de condomínios que constem indicações de problemas prediais; OS (ordens de serviços) e contratos de manutenções já executadas;
  • Laudos de vistoria ou periciais (caso existam);
  • Entrevistas com os gestores do condomínio;
É feita então uma vistoria técnica em todos os sistemas prediais e componentes do condomínio gerando um Laudo Técnico de Inspeção Predial (LTIP).

Por meio dessas ferramentas faz-se a constatação da real situação construtiva da edificação até os limites da propriedade, indicando todas as manifestações patológicas com relatório fotográfico e indagação de causas e origens. 

A elaboração do LTIP segue requisitos e procedimentos instituídos pela Norma de Inspeção Predial IBAPE/SP (2011) e apresenta em seu corpo a análise para gerenciamento de risco com a utilização da Metodologia GUT, que atende aos requisitos de (G) gravidade, (U) urgência e (T) tendência, quanto à classificação das patologias identificadas pelo inspetor em relação ao risco ao usuário e ao patrimônio em avaliação. Também utiliza como base de elaboração a NBR 15.575/2013 – Norma de Desempenho e a NBR 13.752/1996 – Perícias de Engenharia na Construção Civil.

Com o LTIP em mãos o profissional elabora o Plano de Manutenções Prediais para o condomínio avaliado. O Plano de Manutenções é elaborado segundo procedimentos instituídos em norma, NBR 5674/1999 - Manutenção de Edificações - Procedimentos; NBR 15.575/2013 - Edificações Habitacionais - Desempenho;  NBR 14.037/1998 - Manual de Operação, Uso e Manutenção das edificações - Conteúdo e recomendações para elaboração e apresentação; NBR 5462/1994 - Confiabilidade e Mantenabilidade.

O momento mais apropriado para se instituir um plano de manutenção no condomínio é já nos primeiros anos após a entrega pela construtora. Com o memorial descritivo e o manual de operação, uso e manutenção cedidos pela construtora/incorporadora no ato da compra das unidades autônomas faz-se o primeiro Laudo Técnico de Vistoria e elabora-se o plano para inicio das ações preventivas que irão manter a vida útil dos sistemas e componentes evitando perda precoce de desempenho e funcionalidade e ainda vão permitir o treinamento do pessoal (sindico, zelador, demais funcionários) de forma mais eficiente, planejamento dos investimentos nas manutenções (evitando gastos não previstos em rateios), promovendo economia de até 5x e ainda mantendo a segurança, a salutabilidade e o valor do patrimônio ao longo dos anos.  

10 de ago. de 2018

MANUTENÇÃO PREVENTIVA E CORRETIVA PARA CONDOMÍNIOS & PLANO DE MANUTENÇÃO - Florianópolis - Relação entre investimento e retorno

Quem procura um imóvel para a compra e deseja executar a aquisição de um patrimônio, busca:
  • Segurança na habitabilidade do seu imóvel
  • Gerenciamento eficiente dos recursos do condomínio
  • Valorização do imóvel frente ao mercado, para futuras negociações
  • Garantia de desempenho e funcionalidade dos sistemas 
  • Vida útil máxima e prolongada
  • Evitar investimentos imprevistos causados por problemas construtivos que poderiam ser evitados.
Há que se esclarecer que para o edifício preservar suas características estéticas, funcionais e de segurança é necessário que ocorram manutenções de forma periódica e sistemática. A ação natural da edificação é o envelhecimento, assim como qualquer corpo ou matéria do planeta. Os materiais que compõem os sistemas construtivos não são eternos, nem mesmo o concreto, e para garantir os direitos dos proprietários e maior entendimento ao tema a NBR 15575  - Edificações Habitacionais - Desempenho, traz em sua parte: Requisitos gerais, os gráficos a baixo.


Comportamento do desempenho ao longo do tempo de uso mediante as intervenções de manutenções




Desempenho de edifícios habitacionais de até cinco pavimentos – Parte 1: Requisitos gerais ABNT/CB 02 - Comitê Brasileiro de Construção Civil CE 02.136.01 - Desempenho de Edificações


Observa-se ainda o fato de que os valores investidos pelo condomínio aumentam exponencialmente se comparadas as ações de manutenções preventivas com os investimentos de manutenções corretivas, conforme demonstra a Lei de Sitter - 1984, a baixo:


Lei de Evolução de Custos (SITTER, 1984) em função do período de tempo de vida da edificação

Os gráficos a cima indicam claramente como o investimento em manutenções preventivas representam o fator mais importante se pensarmos em economia real ao longo do tempo de vida da edificação e manutenção do desempenho, da funcionalidade e do valor patrimonial do imóvel. 

Flávia Zoéga A. Pujadas teve o artigo "Investimento Pró Ativo", publicado na Revista Construção Mercado, ed. Pini, no qual apresenta a relação entre a negligência de investimentos na atividade de manutenção e a evolução na perda de valor nos imóveis.

Valor da manutenção na valorização do imóvel
Fonte: Pujadas (2007)

Sendo o estado de conservação "A", a situação de melhores e eficientes investimentos em manutenção e o estado de conservação "I", a pior situação de conservação da edificação relacionada às atividades de manutenção.

Os números são um alerta aos proprietários de imóveis em condomínios verticais. As pesquisas mostram que o investimento em manutenção é muito menor se feito desde os primeiros anos de idade da edificação, de forma correta, com companhamento técnico profissional, e se efetuados de forma preventiva seguindo um planejamento de manutenções, podem sim contribuir para o prolongamento da vida útil da edificação e da segurança dos moradores. 

19 de set. de 2017

APROVEITAMENTO DE ÁGUA DAS CHUVAS - Florianópolis/SC: Agora é Lei. Reuso de águas pluviais é obrigatório em Florianópolis

Este post faz parte da série APROVEITAMENTO DE ÁGUA DAS CHUVAS que vai abordar aspectos de projeto, de execução, normas e legislações, metodologias aplicadas ao assunto, dados estatísticos e científicos, o que se está fazendo pelo mundo, dentre outras coisas essenciais sobre o uso de águas pluviais em edificações, que vão inspirar você.


AGORA É LEI !  Reuso de águas pluviais é obrigatório em Florianópolis

Código de Obras e Edificações de Florianópolis (Lei Complementar n°60/2000)  prevê que as edificações com área maior que 200m² devem possuir sistema de captação, armazenamento e utilização de águas pluviais, o qual deve obrigatoriamente constar no projeto arquitetônico a ser aprovado pela Prefeitura Municipal de Florianópolis.
O inciso VI foi acrescido ao Art.25 do Código de Obras por meio da Lei Complementar n° 561/2016, e está em vigor desde 02 de setembro de 2016conforme redação abaixo:

  Art. 25    O projeto arquitetônico deverá constar, no mínimo, de:

VI - para construções unifamiliares, multifamiliares, residenciais ou comerciais ou de uso misto, acima de duzentos metros quadrados, sistema de captação, armazenamento e utilização de águas pluviais, submetendo-se a tratamento sanitário com o fim de torná-las próprias para a reutilização em atividades que não exijam sua potabilidade, tais como, rega de jardins e hortas, lavagens de roupas, veículos, vidros, calçadas e pisos."

Também o Art.188 do Código de Obras, que trata das atividades dos postos de combustíveis e demais estabelecimentos comerciais que possuam sistema de lavação de automóveis, foi acrescido de mais quatro subdivisões Arts, 188A ao 188D, tratando da obrigatoriedade de reuso de água das chuvas e estão em vigor desde 04 de outubro de 2016.
Os artigos foram incluídos ao Código de Obras por meio da Lei Complementar n° 567/2016, conforme redação abaixo: 

“SEÇÃO V
POSTOS DE ABASTECIMENTO, LAVAGEM E LUBRIFICAÇÃO

 Art. 188  Os postos de serviços destinam-se às atividades de abastecimento, lubrificação, limpeza e lavagem de veículos, que podem ser exercidos em conjunto ou isoladamente.

 Art. 188-A  Fica obrigatória a instalação de sistema de aproveitamento de água da chuva, em postos de combustíveis que possuem sistema de lavação de automóveis que utilizem água, nos demais estabelecimentos comerciais que possuam sistema de lavação de automóveis e/ou similares.

 Art. 188-B   Os postos de combustíveis e os demais estabelecimentos comerciais que realizam lavação de automóveis ou similares com utilização de água devem instalar um sistema de aproveitamento de água da chuva, que poderá ser utilizada para lavação de veículos.

§ 1º O sistema que trata o art. 188B deverá ser instalado no prazo de doze meses, após a publicação desta Lei Complementar e deverá seguir as diretrizes da Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT/NBR 15.527/2007.

§ 2º Fica determinado que cada estabelecimento comercial, que se enquadra nesta Lei Complementar, deverá instalar um sistema de aproveitamento de água da chuva, o qual será projetado de acordo com as boas práticas da engenharia com viabilidade ambiental e econômica e deve levar em conta a disponibilidade de água da chuva, que dependerá do regime pluviométrico local e da área de captação, bem como a demanda de água requerida.

 Art. 188-C  Fica obrigatório o uso da água pluvial, sendo somente liberado o uso de rede pública de abastecimento de água, quando não tiver disponível água da chuva no reservatório de armazenamento do sistema de aproveitamento de água da chuva, para fins específicos estabelecidos no art. 188B.

 Art. 188-D  Os estabelecimentos que realizam lavação de automóveis e similares, somente obterão o alvará de funcionamento ou a sua renovação, mediante a comprovação da instalação dos sistemas de aproveitamento de água da chuva."


Fazemos a avaliação da sua edificação para o aproveitamento de 
água das chuvas com projeto executivo hidrossanitário 
para a implementação do sistema integrado de captação, armazenamento
 utilização de águas pluviais.

Basta entrar em contato por e.mail: simonenverzola@gmail.com 
ou pelo telefone (48) 99164 1505




APROVEITAMENTO DE ÁGUA DAS CHUVAS - Florianópolis/SC: Como fazer, guia completo


Tudo o que você precisa saber sobre captação, armazenamento e utilização de águas pluviais em uma série de posts que vão deixar você atualizado no assunto, apto para enfrentar as exigências legais e pronto para contribuir com o meio ambiente e com a economia de água potável.

A série APROVEITAMENTO DE ÁGUA DAS CHUVAS vai abordar aspectos de projeto, de execução, normas e legislações, metodologias aplicadas ao assunto, dados estatísticos e científicos, o que está sendo feito pelo mundo, dentre outras coisas essenciais sobre o uso de águas pluviais em edificações, que vão inspirar você.

O primeiro post da série é:

30 de ago. de 2017

SUSTENTABILIDADE e MANUTENÇÃO em Florianópolis - Artigo Publicado V ENSUS

ARTIGO CIENTÍFICO publicado no V - ENSUS – Encontro de Sustentabilidade em Projeto

Título: 
PROPOSTA DE INCLUSÃO DE REQUISITOS DE SUSTENTABILIDADE NA AVALIAÇÃO DA EDIFICAÇÃO POR INSPEÇÃO PREDIAL

Autor: 
VERZOLA, Simone Nunes, Esp., IBAPE/SC

RESUMO

A inspeção predial é uma ferramenta utilizada com o objetivo de aumentar a conscientização da sociedade em relação à responsabilização sobre a manutenção da segurança, do desempenho e da vida-útil das edificações. A aplicação dos fundamentos da sustentabilidade nas habitações vem complementar uma gama de requisitos inerentes à busca pela eficiência e pela racionalização dos recursos naturais. Neste sentido, o presente artigo tem por objetivo propor a inclusão de requisitos já utilizados por métodos de avaliação de sustentabilidade, na composição do checklist empregado em inspeção predial. A metodologia utilizada baseou-se em pesquisas bibliográficas relativas aos temas. A incorporação de requisitos de sustentabilidade aos checklists já aplicados em inspeção predial, pretende subsidiar a organização dos dados analisados e embasar programas de manutenções que promovam, a busca de soluções mais sustentáveis para as edificações na fase de uso e operação.

Palavras-chave: Inspeção predial; Requisitos de sustentabilidade; Checklist 




MANUTENÇÃO, PERÍCIA e INSPEÇÃO PREDIAL em Florianópolis - Artigo Publicado XV ENTAC

ARTIGO CIENTÍFICO publicado no XV ENTAC – Encontro Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído


Título: 
PROPOSTA DE LISTA DE VERIFICAÇÃO PARA INSPEÇÃO PREDIAL X URGÊNCIA DAS MANUTENÇÕES

Autores:
VERZOLA, Simone Nunes (1); MARCHIORI, Fernanda Fernandes (2); ARAGON, José Octávio (3)

RESUMO
                     
Nas últimas décadas, uma grande quantidade de publicações vem sendo produzidas no País sobre projeto e execução de edificações, contudo, a manutenção predial apenas recentemente tem sido foco de pesquisas acadêmicas. Um reflexo disso se percebe na prática, ao se observar o grande número de edificações com problemas patológicos, sendo que, em alguns casos, levando-as até ao colapso. A norma NBR 5674 prevê que o sistema de manutenção deva possuir uma estrutura de documentação e registro de informações permanentemente atualizado para propiciar uma maior eficiência nos serviços de manutenção. Ratificando esta ideia, na NBR 15575 é citado que as inspeções prediais devem ser feitas com base em listas de verificação para facilitar os registros e sua recuperação, os quais devem ser preditivos e conter o diagnóstico sobre a evolução de eventuais falhas constatadas. Neste sentido, o presente artigo tem por objetivo propor uma lista de verificação para inspeção predial, que contemple a informação sobre a gravidade e urgência das manutenções. Com base em tal lista é possível identificar as manifestações patológicas mais importantes, além de ser uma ferramenta possível de ser aplicada em atendimento às leis municipais que tornam obrigatória a realização de vistorias periódicas nas edificações.

Palavras-chave: Inspeção predial, lista de verificação, GUT.



5 de jul. de 2017

ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS para escolher o melhor piso cerâmico: 7 Coisas que você precisa saber!

Quem nunca se deparou com a dúvida sobre qual piso escolher para sua obra, ou sobre as especificações técnicas de um piso já colocado, que deveria ser antiderrapante, mas quando molhado fica escorregadio?


Se você quer colocar pisos cerâmicos e não quer ter problemas com fissuras, manchas, escorregamentos e desgaste excessivo, há 7 coisas imprescindíveis que deve saber:

Para cada ambiente onde será colocado piso cerâmico, é necessário observar as características técnicas do produto a escolher.

1º - Resistência à ruptura

Se houver trânsito de veículos ou equipamentos pesados, é importante prestar atenção à carga de ruptura do produto, pois determina em N ou Kgf o peso máximo que a peça irá resistir antes de romper. Para áreas onde haverá passagem de veículos mais pesados deve-se escolher pisos que resistam a cargas de ruptura maiores.

Segundo pesquisa realizada pelo Instituto de Arquitetura eUrbanismo da USP São Carlos – IAU.USP, para ambientes com tráfego de veículos deve-se considerar uma resistência à carga de ruptura elevada, devendo ser considerada a resistência mínima de 1000N ou 100Kgf. Em ambientes sem tráfego de veículos pode-se utilizar pisos com resistência mínima de 800N ou 80Kgf.

Aqui começam os problemas, visto que esses dados não constam nas embalagens, nem nos dados técnicos disponibilizados online pelas marcas. Então como descobrir qual a resistência à carga de ruptura em N, do produto que desejo comprar?

Para facilitar essa avaliação a IAU.USP  apresenta online uma tabela que relaciona os índices de absorção de água, o módulo de resistência à flexão e a carga de ruptura, à nomenclatura usualmente utilizada para determinar os tipos de cerâmicas para piso disponíveis no mercado, informações estas organizadas na tabela 1, abaixo:

CORRELAÇÃO ENTRE CARGA DE RUPTURA, ABSORÇÃO DE ÁGUA E MÓDULO DE RESISTÊNCIA À FLEXÃO EM RELAÇÃO À NOMENCLATURA UTILIZADA PARA CLASSIFICAR TIPOS DE PISOS CERÂMICOS - TABELA 1

NOMENCLATURA
ABSORÇÃO DE ÁGUA (%)
CARGA DE RUPTURA (N)
MÓDULO DE RESISTÊNCIA À FLEXÃO (N/mm2)
PORCELANATO
0 a 0,5 %
>  1300
>  35
GRÉS
0,5 a 3 %
>  1100
>  30
SEMI-GRÉS
3 a 6 %
>  1000
>  22
SEMI-POROSO
6 a 10 %
>  800
>  18
POROSO
10 a 20 %
>  600
>  15
AZULEJO
10 a 20 %
>  400
>  15

Então para se chegar ao dado de carga de ruptura e escolher um piso cerâmico pela resistência à ruptura é preciso saber os índices de absorção de água que a cerâmica possui.

2º Absorção de água

O índice de absorção de água da peça cerâmica indica o quanto ela é porosa ou não. É preciso compreender que, assim como o exemplo do concreto, quanto mais porosa a peça menor será sua resistência, ela fica mais suscetível à quebra e a absorção de umidade.

Os pisos cerâmicos são então classificados em relação ao grau de absorção de água conforme tabela 2, abaixo:

CLASSIFICAÇÃO, NOMENCLATURA E SIGLA PARA MÉTODO DE FABRICAÇÃO EM RELAÇÃO AO ÍNDICE DE ABSORÇÃO DE ÁGUA – TABELA 2

ABSORÇÃO DE ÁGUA (%)
MÉTODO DE FABRICAÇÃO
Classe: PRENSADO (B)
NOMENCLATURA
0 a 0,5 %
Bla
PORCELANATO
0,5 a 3 %
Blb
GRÉS
3 a 6 %
Blla
SEMI-GRÉS
6 a 10 %
Bllb
SEMI-POROSO
10 a 20 %
Blll
POROSO
10 a 20 %
Blll
AZULEJO

Esses dados mostram que o PORCELANATO (cerâmica que tem por método de fabricação o tipo PRENSADO, portanto utiliza a classificação “B”) é o produto que menos absorve água, portanto é o menos poroso e que vai apresentar a maior resistência.

Considerar a classificação dos grupos de absorção de água conforme tabela 3, abaixo:

CLASSIFICAÇÃO DOS GRUPOS DE ABSORÇÃO DE ÁGUA – TABELA 3

GRUPOS - SIGLAS
ABSORÇÃO DE ÁGUA (%)
la
0 a 0,5 %
lb
0,5 a 3 %
lla
3 a 6 %
llb
6 a 10 %
lll
Abs. a cima de 10 %

3º Resistência à abrasão

Determina o quanto o produto suporta ao desgaste superficial quando submetido ao tráfego de pessoas, veículos ou equipamentos. Novamente é preciso saber para qual ambiente se deseja utilizar o piso cerâmico, de acordo com a intensidade do tráfego a que ele será submetido. É preciso avaliar o uso e o fluxo de acordo com cada ambiente: comercial, residencial, industrial, externo, interno, se banheiros, consultórios, dormitórios, etc.

Está principalmente relacionado ao acabamento da peça, ou natureza da superfície, que pode ser esmaltada ou não. Para produtos esmaltados (código – GL) classifica-se a abrasão superficial (classes de PEI) e para os não esmaltados (código – UGL) classifica-se a abrasão profunda, conforme tabelas 4 E 5, abaixo:

RESISTÊNCIA À ABRASÃO PROFUNDA – TABELA 4

CLASSE
RESISTÊNCIA À ABRASÃO PROFUNDA
Bla
< 175 (altíssima)
Blb
< 275 (alta)
Blla
< 345 (média)
Bllb
< 540 (baixa)
Blll
Superior à 540 (baixíssima)

RESISTÊNCIA À ABRASÃO SUPERFICIAL – TABELA 5

CLASSE
PEI
RESISTÊNCIA Á ABRASÃO SUPERFICIAL
RECOMENDAÇÕES DE USO
ZERO
Baixíssima
Paredes
PEI - 1
Baixa
Ambientes residenciais sem portas para o exterior, onde se caminha geralmente com chinelos ou pés descalços. Ex: banheiros e dormitórios residenciais.
PEI - 2
Média
Ambientes residenciais onde se caminha geralmente com sapatos. Ex: todas as dependências residenciais, com exceção das cozinhas e entradas.
PEI - 3
Média Alta
Ambientes residenciais onde se caminha geralmente com alguma quantidade de sujeira abrasiva que não seja areia e outros materiais de dureza maior que areia. Ex: todas as dependências residenciais.
PEI - 4
Alta
Ambientes residenciais (todas as dependências) e comerciais com alto tráfego, sem porta para o exterior. Ex: restaurantes, churrascarias, lojas, bancos, entradas, caminhos preferenciais, vendas e exposições abertas ao público e outras dependências.
PEI - 5
Altíssima
Ambientes residenciais e comerciais com tráfego muito elevado com porta para o exterior. Ex: restaurantes, churrascarias, lanchonetes, lojas, bancos, entradas, corredores, exposições abertas ao público, consultório, outras dependências

4º Resistência a riscos

Essa característica inerente aos pisos cerâmicos ainda não é normalizada no Brasil, mas importante verificar se o produto disponibiliza o dado na embalagem ou online. A grandeza é dada em “Mohs”, tem como referência a dureza do diamante.

Os pisos com acabamentos lisos e brilhantes possuem baixa resistência ao risco, portando sua recomendação de uso é para áreas internas, de baixo tráfego e ambientes com pouca sujeira.
Os pisos com acabamento acetinado e rústicos possuem melhor resistência ao risco, por isso são recomendados para áreas externas e entradas, casas de praia e áreas com maior tráfego.

Segundo pesquisa realizada pelo Instituto de Arquitetura e Urbanismo da USP São Carlos – IAU.USP, em ambientes como garagens e casas de praia deve-se colocar pisos cerâmicos com resistência a risco com Mohs > 7.

 5º Resistência ao escorregamento

O índice que define a resistência ao escorregamento em um piso cerâmico é o Coeficiente de Atrito. Por exemplo, quando se procura um piso antiderrapante deve-se saber que quanto maior o coeficiente de atrito, menos escorregadia a cerâmica será na presença de água, óleo, pó ou outra substância. Veja a tabela 6, abaixo:

COEFICIENTE DE ATRITO – TABELA 6

COEFICIENTE DE ATRITO
RECOMENDAÇÕES DE UUSO
CARACTERISTICAS DA SUPERFÍCIE
< 04
Áreas internas, sem resíduos ou sujeiras
Brilhante e lisa
0,4 a 0,7
Áreas externas, garagens, varandas, escadas
Esmaltada acetinada ñ lisa, Esmaltada fosca ñ lisa, Esmaltada rústica, Granilhada
> 0,7
Áreas externas em aclive/declive
Rústica ñ esmaltada, esmaltada especial

6º Resistência a manchas

Relacionada à facilidade de limpeza é classificada de acordo com os níveis de resistência do produto para a remoção das sujeiras. Conforme mostra a tabela 7, quanto maior a classe, menor a resistência da peça para a remoção de manchas.

RESISTÊNCIA A MANCHAS – TABELA 7

CLASSE
RESISTÊNCIA A MANCHAS
1
Impossibilidade de remoção
2
Removível com ácido clorídrico/acetona
3
Removível com produto de limpeza forte
4
Removível com produto de limpeza fraco
5
Máxima facilidade de remoção

7º Resistência a ataque químico

Indica a capacidade do produto de não alterar suas características superficiais quando em contato com produtos químicos e agentes causadores de manchas, conforme mostra na tabela 8, abaixo:

RESISTÊNCIA A ATAQUE QUÍMICO - TABELA 8

CLASSE
RESISTÊNCIA A ATAQUE QUÍMICO
A
Ótima resistência
B
Ligeira alteração de aspecto
C
Alteração de aspecto bem visível


Então, leve sempre em consideração as características  técnicas do produto que deseja comprar, para garantir o desempenho e durabilidade desejados.

Referências:

Instituto de Arquitetura e Urbanismo da USP São Carlos – IAU.USP. Características dos Revestimentos Cerâmicos. Disponível em: /ceramica/principal4.htm>. Acesso em: 04 jul 2017.

INMETRO – Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia. Revestimentos Cerâmicos. Disponível em: <http://www.inmetro.gov.br/consumidor/produtos/revestimentos.asp>. Acesso em: 04 jul. 2017.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 15463: Placas cerâmicas para revestimento - Porcelanato. Rio de Janeiro, 2013.

______. NBR 13818: Placas cerâmicas para revestimento. Especificação e métodos de ensaios. Rio de Janeiro, 1997.

______. NBR 13816: Placas cerâmicas para revestimento. Terminologia. Rio de Janeiro, 1997.

______. NBR 13817: Placas cerâmicas para revestimento. Classificação. Rio de Janeiro, 1997.