ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS para escolher o melhor piso cerâmico: 7 Coisas que você precisa saber!
Posted by Simone Nunes Verzola on 16:19 with No comments
Quem nunca se deparou com a dúvida sobre qual piso escolher
para sua obra, ou sobre as especificações técnicas de um piso já colocado, que
deveria ser antiderrapante, mas quando molhado fica escorregadio?
Se você quer colocar pisos cerâmicos e não quer ter
problemas com fissuras, manchas, escorregamentos e desgaste excessivo, há 7
coisas imprescindíveis que deve saber:
Para cada ambiente onde será colocado piso cerâmico, é
necessário observar as características técnicas do produto a escolher.
1º - Resistência à
ruptura
Se houver trânsito de veículos ou equipamentos
pesados, é importante prestar atenção à carga
de ruptura do produto, pois determina em N ou Kgf o peso máximo que a peça
irá resistir antes de romper. Para áreas onde haverá passagem de veículos mais pesados
deve-se escolher pisos que resistam a cargas de ruptura maiores.
Segundo pesquisa realizada pelo Instituto de Arquitetura eUrbanismo da USP São Carlos – IAU.USP, para ambientes com tráfego de veículos
deve-se considerar uma resistência à carga de ruptura elevada, devendo ser considerada a resistência mínima de 1000N
ou 100Kgf. Em ambientes sem tráfego
de veículos pode-se utilizar pisos com resistência
mínima de 800N ou 80Kgf.
Aqui começam os problemas, visto que esses dados não constam
nas embalagens, nem nos dados técnicos disponibilizados online pelas marcas.
Então como descobrir qual a resistência à carga de ruptura em N, do produto que
desejo comprar?
Para facilitar essa avaliação a IAU.USP apresenta
online uma tabela que relaciona os índices de absorção de água, o módulo de
resistência à flexão e a carga de ruptura, à nomenclatura usualmente utilizada para determinar os tipos de cerâmicas para piso disponíveis no mercado, informações estas organizadas na tabela 1, abaixo:
CORRELAÇÃO ENTRE CARGA DE RUPTURA, ABSORÇÃO DE ÁGUA E MÓDULO DE RESISTÊNCIA À FLEXÃO EM RELAÇÃO À NOMENCLATURA UTILIZADA PARA CLASSIFICAR TIPOS DE PISOS CERÂMICOS - TABELA 1
NOMENCLATURA
|
ABSORÇÃO
DE ÁGUA (%)
|
CARGA
DE RUPTURA (N)
|
MÓDULO
DE RESISTÊNCIA À FLEXÃO (N/mm2)
|
PORCELANATO
|
0 a 0,5 %
|
> 1300
|
> 35
|
GRÉS
|
0,5 a 3 %
|
> 1100
|
> 30
|
SEMI-GRÉS
|
3 a 6 %
|
> 1000
|
> 22
|
SEMI-POROSO
|
6 a 10 %
|
> 800
|
> 18
|
POROSO
|
10 a 20 %
|
> 600
|
> 15
|
AZULEJO
|
10 a 20 %
|
> 400
|
> 15
|
Então para se chegar ao dado de carga de ruptura e escolher um piso cerâmico pela resistência à ruptura é preciso saber
os índices de absorção de água que a
cerâmica possui.
2º Absorção de água
O índice de absorção de água da peça cerâmica indica o
quanto ela é porosa ou não. É preciso compreender que, assim como o exemplo do
concreto, quanto mais porosa a peça menor será sua resistência, ela fica mais suscetível
à quebra e a absorção de umidade.
Os pisos cerâmicos são então classificados em relação ao
grau de absorção de água conforme tabela 2, abaixo:
CLASSIFICAÇÃO,
NOMENCLATURA E SIGLA PARA MÉTODO DE FABRICAÇÃO EM RELAÇÃO AO ÍNDICE DE ABSORÇÃO
DE ÁGUA – TABELA 2
ABSORÇÃO
DE ÁGUA (%)
|
MÉTODO
DE FABRICAÇÃO
Classe:
PRENSADO (B)
|
NOMENCLATURA
|
0 a 0,5 %
|
Bla
|
PORCELANATO
|
0,5 a 3 %
|
Blb
|
GRÉS
|
3 a 6 %
|
Blla
|
SEMI-GRÉS
|
6 a 10 %
|
Bllb
|
SEMI-POROSO
|
10 a 20 %
|
Blll
|
POROSO
|
10 a 20 %
|
Blll
|
AZULEJO
|
Esses dados mostram que o PORCELANATO (cerâmica que tem por método de fabricação o tipo PRENSADO, portanto utiliza a classificação “B”) é o produto que menos
absorve água, portanto é o menos poroso e que vai apresentar a maior
resistência.
Considerar a
classificação dos grupos de absorção de água conforme tabela 3, abaixo:
CLASSIFICAÇÃO DOS GRUPOS
DE ABSORÇÃO DE ÁGUA – TABELA 3
GRUPOS
- SIGLAS
|
ABSORÇÃO
DE ÁGUA (%)
|
la
|
0 a 0,5 %
|
lb
|
0,5 a 3 %
|
lla
|
3 a 6 %
|
llb
|
6 a 10 %
|
lll
|
Abs. a cima de 10 %
|
3º Resistência à
abrasão
Determina o quanto o produto suporta ao desgaste
superficial quando submetido ao tráfego de pessoas, veículos ou equipamentos.
Novamente é preciso saber para qual ambiente se deseja utilizar o piso cerâmico, de acordo com a intensidade do tráfego a que ele será submetido. É preciso
avaliar o uso e o fluxo de acordo com cada ambiente: comercial, residencial,
industrial, externo, interno, se banheiros, consultórios, dormitórios, etc.
Está principalmente relacionado ao acabamento da peça, ou
natureza da superfície, que pode ser esmaltada ou não. Para produtos esmaltados
(código – GL) classifica-se a abrasão superficial (classes de PEI) e para os
não esmaltados (código – UGL) classifica-se a abrasão profunda, conforme tabelas 4 E 5, abaixo:
RESISTÊNCIA À ABRASÃO
PROFUNDA – TABELA 4
CLASSE
|
RESISTÊNCIA
À ABRASÃO PROFUNDA
|
Bla
|
< 175
(altíssima)
|
Blb
|
< 275 (alta)
|
Blla
|
< 345 (média)
|
Bllb
|
< 540 (baixa)
|
Blll
|
Superior à 540 (baixíssima)
|
RESISTÊNCIA À ABRASÃO
SUPERFICIAL – TABELA 5
CLASSE
PEI
|
RESISTÊNCIA
Á ABRASÃO SUPERFICIAL
|
RECOMENDAÇÕES DE USO
|
ZERO
|
Baixíssima
|
Paredes
|
PEI - 1
|
Baixa
|
Ambientes residenciais sem portas para o exterior, onde se
caminha geralmente com chinelos ou pés descalços. Ex: banheiros e dormitórios
residenciais.
|
PEI - 2
|
Média
|
Ambientes residenciais onde se caminha geralmente com sapatos.
Ex: todas as dependências residenciais, com exceção das cozinhas e entradas.
|
PEI - 3
|
Média Alta
|
Ambientes residenciais onde se caminha geralmente com alguma
quantidade de sujeira abrasiva que não seja areia e outros materiais de
dureza maior que areia. Ex: todas as dependências residenciais.
|
PEI - 4
|
Alta
|
Ambientes residenciais (todas as dependências) e comerciais
com alto tráfego, sem porta para o exterior. Ex: restaurantes, churrascarias,
lojas, bancos, entradas, caminhos preferenciais, vendas e exposições abertas
ao público e outras dependências.
|
PEI - 5
|
Altíssima
|
Ambientes residenciais e comerciais com tráfego muito elevado
com porta para o exterior. Ex: restaurantes, churrascarias, lanchonetes,
lojas, bancos, entradas, corredores, exposições abertas ao público,
consultório, outras dependências
|
4º Resistência a
riscos
Essa característica inerente aos pisos cerâmicos ainda não é
normalizada no Brasil, mas importante verificar se o produto disponibiliza o
dado na embalagem ou online. A grandeza é dada em “Mohs”, tem como referência a
dureza do diamante.
Os pisos com acabamentos lisos e brilhantes possuem baixa
resistência ao risco, portando sua recomendação de uso é para áreas internas,
de baixo tráfego e ambientes com pouca sujeira.
Os pisos com acabamento acetinado e rústicos possuem melhor
resistência ao risco, por isso são recomendados para áreas externas e entradas,
casas de praia e áreas com maior tráfego.
Segundo pesquisa realizada pelo Instituto de Arquitetura e
Urbanismo da USP São Carlos – IAU.USP, em ambientes como garagens e casas de
praia deve-se colocar pisos cerâmicos com resistência a risco com Mohs > 7.
5º Resistência ao escorregamento
O índice que define a resistência ao escorregamento em um
piso cerâmico é o Coeficiente de Atrito.
Por exemplo, quando se procura um piso antiderrapante deve-se saber que quanto
maior o coeficiente de atrito, menos escorregadia a cerâmica será na presença
de água, óleo, pó ou outra substância. Veja a tabela 6, abaixo:
COEFICIENTE DE ATRITO – TABELA 6
COEFICIENTE
DE ATRITO
|
RECOMENDAÇÕES
DE UUSO
|
CARACTERISTICAS DA SUPERFÍCIE
|
< 04
|
Áreas internas, sem
resíduos ou sujeiras
|
Brilhante e lisa
|
0,4 a 0,7
|
Áreas externas,
garagens, varandas, escadas
|
Esmaltada acetinada ñ lisa, Esmaltada fosca ñ lisa,
Esmaltada rústica, Granilhada
|
> 0,7
|
Áreas externas em
aclive/declive
|
Rústica ñ esmaltada, esmaltada especial
|
6º Resistência a
manchas
Relacionada à
facilidade de limpeza é classificada de acordo com os níveis de resistência do
produto para a remoção das sujeiras. Conforme mostra a tabela 7, quanto maior a
classe, menor a resistência da peça para a remoção de manchas.
RESISTÊNCIA A
MANCHAS – TABELA 7
CLASSE
|
RESISTÊNCIA
A MANCHAS
|
1
|
Impossibilidade de remoção
|
2
|
Removível com ácido
clorídrico/acetona
|
3
|
Removível com produto
de limpeza forte
|
4
|
Removível com produto
de limpeza fraco
|
5
|
Máxima facilidade de
remoção
|
7º Resistência a
ataque químico
Indica a capacidade do produto de não alterar suas
características superficiais quando em contato com produtos químicos e agentes
causadores de manchas, conforme mostra na tabela 8, abaixo:
RESISTÊNCIA A ATAQUE
QUÍMICO - TABELA 8
CLASSE
|
RESISTÊNCIA
A ATAQUE QUÍMICO
|
A
|
Ótima resistência
|
B
|
Ligeira alteração de aspecto
|
C
|
Alteração de aspecto
bem visível
|
Então, leve sempre em consideração as características técnicas do produto que deseja comprar, para garantir o desempenho e durabilidade desejados.
Referências:
Instituto de Arquitetura e Urbanismo da USP São Carlos –
IAU.USP. Características dos
Revestimentos Cerâmicos. Disponível em: /ceramica/principal4.htm>.
Acesso em: 04 jul 2017.
INMETRO – Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e
Tecnologia. Revestimentos Cerâmicos.
Disponível em: <http://www.inmetro.gov.br/consumidor/produtos/revestimentos.asp>.
Acesso em: 04 jul. 2017.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 15463: Placas cerâmicas para revestimento -
Porcelanato. Rio de Janeiro, 2013.
______. NBR 13818: Placas cerâmicas para revestimento. Especificação e
métodos de ensaios. Rio de Janeiro, 1997.
______. NBR 13816: Placas cerâmicas para revestimento. Terminologia. Rio de
Janeiro, 1997.
______. NBR 13817: Placas cerâmicas para revestimento. Classificação. Rio
de Janeiro, 1997.
Categories: Carga de Ruptura, Especificações técnicas, NBR 13817, Piso Cerâmico, Resistência do Piso
0 comentários:
Postar um comentário